segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Pequenos detalhes de um museu

















Foto: Fachada Menil Collection



Com pequenos detalhes num projeto e usando-se da criatividade, pode-se fazer com que se elimine, ou ao menos se reduza bastante, o uso da lua artificial, trazendo não só economia, mas também uma qualidade visual e ambiental muito superiores.




Um ótimo exemplo é o Museu Menil Collection, em Houston Texas, em que estive numa tarde nublada e de infernais 42 graus.
















Foto: Fonte em Frente ao Rothko Chapel




Ele Fica localizado numa região que é conhecida como a "Museum District" de Houston, pois lá também situam-se a Rothko Chappel (com as imagens hiper minimalistas de Rothko, que fazem o espectador simplesmente meditar), o Museum of Fine Arts, o Jardim das esculturas, O Museu de Ciências Naturais, o Health Museum, o Museu de Arte Contemporânea, a capela de afrescos bizantinos, entre vários outros e inúmeras galerias de arte contemporânea. Os museus e espaços culturais concentram-se numa zona basicamente residencial e universitária, com ruas calmas e bem arborizadas.
Este museu foi pensado primeiramente pela família Menil para ser executado com o grande arquiteto Louis Kahn. No entanto, o falecimento do patriarca dos Menil em 1972 e em seguida a morte de Kahn, deixou este projeto em suspenso. A idéia inicial era de reformar uma das residências da região, da década de 20.



No entanto, este projeto foi retomado pela Sra. Dominique de Menil somente na década de 80, chamando Renzo Piano para o trabalho. Ele ficou conhecido por seu trabalho em conjunto com Richard Rogers no Centre Georges Pompidou em Paris.




Os planos inciais de uma reforma foram deixados de lado e ao invés disso, criou-se um novo volume, inserido na malha urbana existente, compondo de forma harmônica com as residências no entorno. Estas foram pintadas com a mesma cor do museu, criando uma unidade. Este cinza esverdeado ficou até conhecido como "cinza Menil", devido a característica própria que deu à região.



Foto: Rua no entorno do Museu.





Realmente tem-se uma sensação de tranquilidade em todas as quadras, andando-se de uma a outra entre as árvores e os prédios das coleções. Foram criados caminhos sinalizados entre os diversos prédios, possibilitando a visita a todos com uma sequencia lógica e fácil.




O Menil, apesar de parecer compacto do lado de fora, é extremamente amplo no seu espaço interno. Isso se dá especialmente pelos grandes painéis de vidro e o ótimo sistemas de brises que proporcionam uma luz natural perfeita à visualização das obras.
Este sistema de iluminação, mesmo num dia nublado e com chuva (situação em que estive), permite a fruição sem necessidade de iluminação extra. Somente em alguns detalhes e obras específicas, dá-se um enfoque de iluminação artificial. Além disso, a iluminação superior é trabalhada de forma a mimetizar o efeito da luz natural existente durante o dia.

Este efeito de luz natural foi pedido direto da Sra. Menil e Renzo se inspirou em dois fatos, uma construção no Kibutz Ein Harod pelo arquiteto Samuel Bickets, que usou de telas nas zenitais, filtrando a luz direta. A segunda inspiração foi o próprio barco de Renzo Piano, que utilizou a forma em formato de folha curvada, feita de ferro-cimento, o que além de proporcionar uma unidade nos blocos do prédio, proporciona o controle da iluminação natural e retorno de ar.




Posso dizer que lá dentro não se percebiam os 42 graus e nem a chuva, só seu barulho...

Foto: Anexo Menil


Imagens - Ana Dreyer




Nenhum comentário:

Postar um comentário