sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Brasília - Lado A & Lado B

Esta semana estive em um congresso sobre empregos verdes e construções sustentáveis promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Governo Federal (CDES). Isso por si só vale uns dois ou três posts, mas o que mais me impressionei em minha primeira visita à Brasília (sim, uma vergonha ter demorado tanto, mas enfim, problema resolvido...) foi com minha duplicidade de sentimentos.

Fiquei dividida entre a pura apreciação da extrema beleza plástica e visual dos monumentos arquitetônicos criados por Lucio Costa e Niemeyer, que estão lá tal qual ensinados na faculdade e da pura falta de acessibilidade com o sentido amplo desta palavra.

Os prédios são lindos, sim. Como estão com quase 50 anos de idade (aniversário no próximo ano), já estão no limite de sua vida útil, mas muitos estão sendo recuperados. É nosso patrimônio, nosso legado e deve ser cuidado e protegido, por todos os motivos culturais, patrimoniais e simbólicos que eles representam.

No entanto, é triste ver Brasília foi liberadamente planejada para o automóvel. Na época de sua concepção, a empolgação pelo progresso econômico calcado no petróleo, focou nesta simbologia de crescimento. Mas não se enxergava longo prazo, seus impactos ambientais, o custo econômico e social que teríamos que absorver após meio século de existência. Foi louvável como exemplo de inovação, mas não foi pensado à frente.

Um mar de concreto, pavimentação extensiva, nada permeável. Nada acessível ao pedestre. Parece que Brasília corou explicitamente a separação entre o os dirigentes e seu povo, fazendo um espaço público somente para ser visto ao longe, não vivido.

Tentei atravessar as ruas pelas faixas de segurança e semáforos: praticamente inexistentes. E tem muito turista querendo conhecer a sua capital, gente! E nem todos querem ver da janela do taxi...


Pessoas caminhando em frente ao Congresso Nacional - sem calçada!

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